A Associação dos Docentes da Unesp (Adunesp) manifesta apoio aos estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que ocupam a reitoria da instituição desde 26/7/2024. Eles protestam contra os drásticos cortes e mudanças nos programas de auxílio à permanência estudantil a partir deste semestre.
Uma bolsa-material de R$ 600,00 semestrais, destinada a financiar livros e impressões, foi reduzida à metade; um auxílio-alimentação de R$ 300,00 foi extinto nos campi onde há restaurante popular; uma bolsa permanência de R$ 706,00, antes destinada a estudantes com renda familiar per capita de até 1,5 salário-mínimo, passa a valer apenas para os que vivem com até meio salário.
As entidades estudantis estimam que os cortes comprometam a permanência de cerca de 1.400 estudantes na UERJ.
Frente à justificativa da reitoria da Universidade, de que os cortes decorrem da insuficiência orçamentária, os estudantes propõem cobrar do governo do estado o financiamento adequado e jamais prejudicar a permanência de estudantes de baixa renda. “Sabemos do contingenciamento financeiro que vive nossa universidade e que o orçamento disponível é inferior à necessidade. Por isso, nossa luta é por mais orçamento e contra a política de destruição da UERJ”, diz a estudante Mariola Souza, de Ciências Sociais (Folha de S. Paulo, 2/8/2024).
Não bastasse a asfixia financeira, a UERJ vem sendo atacada sistematicamente há décadas. Governos e parlamentares inimigos da educação pública se sucedem na ofensiva. Nos anos 90, a primeira proposta de privatização partiu de Roberto Jefferson, à época deputado estadual, mas que não vingou frente à forte reação. Em 2021, foi a vez do então deputado estadual Anderson Moraes, do PSL, navegando na onda retrógrada do governo Bolsonaro, apresentar na Alerj projeto para fechamento da UERJ, medida que também foi refreada pela mobilização da comunidade.
Por certo, a história da UERJ – rica em engajamento político e social, que remonta à época da ditadura militar, das lutas pela democratização interna (que culminaram na primeira eleição direta para reitor, em 1988), a sua firme adesão à política de cotas, entre outros – é a razão central de tantos ataques.
A Adunesp insta a reitoria da UERJ a dialogar com os estudantes, a acatar suas reivindicações e a se engajar com eles na luta por mais recursos para a instituição.
São Paulo, 5 de agosto de 2024.
Diretoria da Adunesp – S.Sindical do Andes-SN