Calote dos 3% já nos custa 2,5 salários. Antecipar 13o não supre o prejuízo. Participe da plenária estadual da Adunesp em 10/8 e vamos discutir nossa reação

Calote dos 3% já nos custa 2,5 salários. Antecipar 13º não supre o prejuízo. Participe da plenária estadual da Adunesp em 10/8 e vamos discutir nossa reação

Somente para retornar ao poder aquisitivo de maio/2012, precisaríamos de uma reposição de cerca de 30% em maio/2021. Na Unesp, junta-se a isso outro prejuízo: somente pelo não pagamento do reajuste de 3%, relativo à data-base de 2016, já deixamos de receber em torno de 2,5 salários.

Neste cenário, é evidente que o anúncio do adiantamento de metade do 13º salário para 25/8, conforme Comunicado Cruesp 8/2021, é uma tentativa dos reitores de amenizar a indignação de servidores docentes e técnico-administrativos, nos antecipando o que já é nosso por direito. Leia mais no intertítulo “Na Unesp”.

Decisão política pelo arrocho

Após a segunda reunião de negociação com o Conselho de Reitores (Cruesp), no dia 15/7, as entidades que compõem o Fórum das Seis – entre elas, a Adunesp – reuniram-se para avaliar os resultados e definir os próximos passos da campanha da data-base 2021.

A avaliação foi unânime: os reitores tomaram a decisão política de manter os salários e benefícios arrochados, embora as universidades estejam em muito boa situação financeira, apesar da pandemia. Ao mesmo tempo em que reconhecem a existência de pesadas perdas salariais, fruto de vários anos sem sequer a reposição da inflação, eles decidiram se apoiar em interpretações jurídicas, a nosso ver questionáveis, para não fazer nada. Propõem zero de reajuste!

Para discutir os resultados das duas negociações realizadas, a ausência de propostas por parte dos reitores e a reação das categorias, o Fórum das Seis indicou a realização de uma rodada de assembleias, também com o objetivo de avaliar a proposta de construirmos um novo dia de paralisação e o indicativo de greve, ambos para agosto.

Diante disso, a Adunesp realizará Plenária Estadual (clique para conferir a convocatória) no dia 10/8/2021, terça-feira, às 14h, por plataforma virtual, para discutir a seguinte pauta:

1 – Informes

  • Pandemia e Universidade.
  • Luta contra a PEC 32 (indicativo de greve geral do funcionalismo)
  • Luta contra o Decreto 65.021/2020 (pela aprovação do PDL 22/2020).
  • Informes das subseções e representações de base.

2 – Data-base 2021

  • Avaliação das duas negociações com os reitores.
  • Avaliação do retorno das assembleias de base aos indicativos de mobilização feitos pelo Fórum das Seis (dia de paralisação e greve).
  • Definição da posição da Adunesp frente aos indicativos.

3- Outros

Quem pode participar

De acordo com o Regimento Geral da Adunesp, têm direito a voto até dois representantes por Subseção ou Representação de Base nos campi: um membro da diretoria e outro indicado por assembleia de base. Mas todos os docentes estão convidados. Demais participantes terão direito a voz, mas não a voto. Os interessados em participar devem escrever para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. e solicitar o envio do link da atividade.

O cenário da data-base 2021

O desempenho do ICMS (imposto do qual deriva o financiamento das universidades), apesar da pandemia, está em ótimos níveis. De janeiro a junho deste ano, a arrecadação já chega a R$ 64,4 bilhões, cerca de R$ 14 bilhões a mais do que igual período do ano passado. Esse resultado aponta para a superação da meta prevista pela Secretaria da Fazenda para 2021 (R$ 118 bilhões), utilizada pelas universidades na confecção de seus orçamentos para este ano. A previsão do Fórum das Seis é de que o ICMS total de 2021 seja de, no mínimo, R$ 127 bilhões.

Portanto, não há nenhuma justificativa financeira para manter os salários arrochados e não viabilizar as contratações para repor os quadros defasados das universidades. Em confortável situação financeira – o comprometimento dos recursos com folha de pagamento aponta para patamares abaixo de 70% – as universidades devem encerrar o ano com substanciais reservas de caixa.

Já a situação dos trabalhadores é bem diferente. Há alguns anos, as universidades vêm dando calotes nas reposições inflacionárias. Por isso, a Pauta Unificada de Reivindicações 2021 tem como pontos centrais três questões:

  1. A recomposição do poder de compra dos servidores (o reajuste necessário para voltar a maio/2012 é 29,81%). Queremos o pagamento de 8% agora e o restante em dois anos.
  2. A valorização dos níveis iniciais das carreiras: o Fórum das Seis apresentou propostas concretas. No caso dos técnico-administrativos, a reivindicação é de concessão de R$ 500,00 fixos para todos, de modo a favorecer os níveis iniciais.
  3. A discussão de um Plano Sanitário e Educacional com a participação democrática da comunidade, incluindo questões como o retorno presencial. 

LC 173, os argumentos questionáveis do Cruesp

Os reitores estão se apoiando na Lei Complementar (LC) 173/2021 para alegar que estão impedidos de negociar qualquer coisa este ano. A LC 173 é a lei que estabeleceu ajuda da União aos estados e municípios por conta da pandemia no ano passado, e que embutiu algumas regras para prejudicar os servidores, como o congelamento de salários e benefícios até dezembro de 2021. Mas os argumentos dos nossos reitores não se sustentam por 3 razões, já demonstradas fartamente pelas assessorias jurídicas dos sindicatos:

  1. A LC destina-se aos entes federados (estados, municípios, distrito federal) e não às universidades estaduais, que são autarquias de regime especial e detém autonomia de gestão.
  2. Ainda que se aplicasse às universidades – teoria com a qual não concordamos - a LC abre exceções para o pagamento de itens acordados antes de sua criação. E a nossa reivindicação é, justamente, a reposição de inflação anterior à lei.
  3. A LC tem um item – comodamente ignorado pelos reitores – que permite a correção de “despesas obrigatórias pelo IPCA (índice que mede a inflação) dos últimos 12 meses. Evidentemente, salários são “despesas obrigatórias”.

Na Unesp

No caso da Unesp, o arrocho é ainda maior. A Universidade nos deve o reajuste de 3% da data-base de maio/2016, pago na Unicamp e na USP. Evidentemente, configura-se compromisso assumido anteriormente à promulgação da LC 173, e não honrado até agora.

Já se vão cinco anos de quebra da isonomia de reajustes com as universidades irmãs. Queremos a incorporação deste percentual aos nossos salários agora e o pagamento dos retroativos. O que deixamos de receber, de maio/2016 a junho/2021, contabiliza cerca de dois salários e meio em valores atualizados pelo IPCA, ou seja, significa que cada servidor técnico-administrativo ou docente da Unesp trabalhou dois meses e meio de graça nesse período.

A divulgação do Comunicado Cruesp 8/2021, na noite de 4/8, informando a decisão dos reitores de antecipar a primeira parcela do 13º salário para 25/8, é a comprovação de que eles sabem, muito bem, que o arrocho salarial é enorme (como aponta o Fórum das Seis) e que as instituições estão em confortável situação financeira, apesar da pandemia. Querem amenizar a indignação das categorias e evitar a mobilização.

Antecipar o que já é nosso não resolve. Queremos reajuste salarial e um plano de recuperação do nosso poder aquisitivo.

GT salarial

Na primeira negociação entre Fórum das Seis e Cruesp, em 10/6, os reitores concordaram em montar um grupo de trabalho (GT) para formular planos para a reposição das perdas e para a valorização dos níveis iniciais das carreiras. No entanto, esse GT realizou somente uma reunião (em 6/7) e não avançou nada.

Durante a segunda negociação, em 15/7, após muita insistência de representantes do Fórum das Seis, o Cruesp concordou em dar continuidade às reuniões do GT salarial ainda em julho. A cobrança da marcação da data foi feita em ofício do Fórum no dia seguinte, no qual reforça a necessidade de que, conforme se comprometeram, os representantes do Cruesp no GT tragam as simulações relativas a:

  • Impacto da aplicação de índice de 8% aos salários de maio/2021: trata-se da reivindicação de recomposição parcial do conjunto de perdas salariais que as categorias acumulam desde maio/2012. O total necessário para recompor os salários ao seu poder aquisitivo de maio/2012 é de 29,81%.
  • Impacto da recomposição dos salários ao seu poder aquisitivo de maio/2012, na forma proposta pelo Fórum das Seis (reajustes trimestrais ao longo de dois anos).
  • Impacto da valorização dos níveis iniciais das carreiras docente e de técnico-administrativos, a partir das propostas apresentadas pelo Fórum das Seis em documentos já entregues no âmbito do GT. Clique para conferir documento do Fórum com propostas.