Já conta com dezenas de nomes o abaixo-assinado lançado por docentes e pesquisadores das universidades estaduais paulistas, que pede o rompimento de relações diplomáticas e comerciais do governo brasileiro com o Estado de Israel.
O texto cita as atrozes estatísticas que emergem dos sistemáticos ataques israelenses contra a Faixa de Gaza há mais de oito meses. Cerca de dois milhões de pessoas, 80% da população, foram expulsas de suas casas. Mais de 40 mil foram mortas, entre elas 70% crianças e mulheres. O episódio mais recente – o ataque contra um acampamento de refugiados em Rafah, no sul de Gaza – resultou em 45 mortos, quase todos carbonizados, e mais de 200 feridos, com cenas de selvageria que, conforme ressalta o documento, “demonstram, de forma definitiva, a intenção do atual governo de Israel de aniquilar o povo palestino”.
O apoio ao abaixo-assinado está aberto a docentes e pesquisadores de outras instituições universitárias do país. Para assinar, acesse https://forms.gle/ZyRpbhjpCGZXZwbr6
A íntegra do texto
‘PELO ROMPIMENTO DE RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS E COMERCIAIS: Carta de docentes e pesquisadores da Unesp, Unicamp e USP.
Por suas convicções democráticas, críticas e humanistas, o/as abaixo-assinado/as – docentes e pesquisadores da UNESP, UNICAMP, USP e outras Instituições – vêm a público a fim de manifestar sua irrestrita solidariedade ao povo palestino.
Desde outubro de 2023 até o momento, de forma estarrecida e impotente, temos assistido ao aprofundamento da tragédia humanitária em Gaza. Diariamente, vidas humanas são brutalmente ceifadas e não restam senão escombros e ruinas das instalações vitais da população da região.
As estatísticas são dantescas: dois milhões de pessoas (80% da população) foram expulsas de suas casas e sofrem o permanente risco de limpeza étnica. 70% das construções – casas, hospitais, igrejas, escolas e todas as 12 universidades – foram bombardeadas e destruídas com o evidente objetivo de tornar Gaza uma região inabitável e desértica. Mais de 40 mil pessoas foram mortas (entre elas, 70% crianças e mulheres); 19 mil crianças se tornaram órfãs. Mais de mil delas estão com uma ou duas partes do corpo amputadas e dezenas de milhares de famílias foram riscadas do registro civil. Os relatos de insuspeitas entidades de direitos humanos sobre a destruição de Gaza são infindáveis e as imagens e os vídeos a que, diariamente, temos acesso são chocantes e aumentam nossa indignação.
Os mais recentes ataques das poderosas Forças Armadas de Israel contra um acampamento de refugiados em Rafah, no sul de Gaza – por meio dos quais crianças, mulheres e idosos foram carbonizados (pelo menos 45 mortos e mais de 200 feridos) –, demonstram, de forma definitiva, a intenção do atual governo de Israel de aniquilar o povo palestino.
Diante deste cenário de inaudita, insana e infindável violência, não podemos nos calar. Recusar-se a falar sobre Gaza, neste momento, não pode senão significar conivência com os “crimes contra a humanidade” em curso.
Reconhecendo os gestos e iniciativas humanitárias do governo brasileiro, vimos, pois, unir nossas vozes a todos e todas que solicitam que o Brasil se junte às demais nações que romperam relações diplomáticas e comerciais com o Estado de Israel. De forma oportuna e justificada, todos estes governos exigem o cumprimento das decisões internacionais que pedem o cessar-fogo, o fim do genocídio e exigem a implementação do direito à autodeterminação do povo palestino.
O mundo exige o fim da ilegal ocupação militar israelense dos territórios palestinos e o fim do sistema desumano e criminoso de apartheid ao qual está submetido o povo palestino.
Tomando as palavras de uma Carta de intelectuais e artistas endereçada, nestes dias, ao presidente da República Lula da Silva, acreditamos que estes urgentes posicionamentos poderiam constituir uma valiosa contribuição para que sejam estancados o genocídio e a limpeza étnica do povo palestino.
PALESTINA LIVRE E SOBERANA!