Reitoria quer aprovar fusão dos campi de Rosana e Prudente a toque de caixa e em meio à pandemia. Comunidade precisa ser ouvida

Reitoria quer aprovar fusão dos campi de Rosana e Prudente a toque de caixa e em meio à pandemia. Comunidade precisa ser ouvida

No dia 12 de junho, o reitor Sandro Valentini enviou e-mail às direções do Campus Experimental de Rosana e da FCT/Presidente Prudente, solicitando que ambas as comunidades se pronunciem sobre a proposta de fusão dos campi, “conforme acordado em reunião realizada” no mesmo dia. No texto, o reitor informa que a intenção é levar o assunto para a próxima reunião do Conselho Universitário (CO) e que, portanto, o prazo para as manifestações é, “impreterivelmente até as 14h do dia 18/6/2020”.

No mesmo e-mail, o reitor diz que, “para facilitar os debates nos colegiados, inicialmente o assunto será debatido no CO e, posteriormente, no CEPE e no CADE para refinamento da fusão em termos acadêmicos e administrativos, respectivamente.”

Em Rosana, a coordenação executiva agendou reuniões para a tarde desta segunda, 15/6, separadamente de servidores técnico-administrativos e docentes. No dia 18/6, às 9h, o assunto será definido em reunião do Conselho Diretor local.

Mais do mesmo

A forma como a reitoria tenta impor uma discussão como essa, que envolve não só a vida de trabalhadores e estudantes, mas também os interesses ligados ao desenvolvimento regional, repete uma fórmula já conhecida na atual gestão: a toque de caixa, com um simulacro de debate e participação e, para piorar, em meio a uma pandemia. O desrespeito aos órgãos colegiados também é gritante: tenta-se uma manobra parafechar a questão da fusão no CO e levar como fato consumado,e irreversível, para o CEPE e o CADE só acertarem os detalhes.

Assim, a reitoria toma a iniciativa de fechar vagas públicas, dá guarida e estimulaum processo “canibalístico” entre unidades, onde a decisão de “quem fica com o quê” está acima dos interesses da educação pública, de qualidade e socialmente referendada pelos interesses da sociedade.

Debate tem que ser amplo e democrático

O mínimo que se espera é que a comunidade interna – servidores docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes – seja ouvida e respeitada, assim como a comunidade externa, que acolheu e se desenvolveu com a Unesp em Rosana e região nos últimos anos. Cabe a estes atores políticos opinarem e decidirem sobre o que desejam para o campus. Além disso, é necessário o estabelecimento de um processo democrático de discussão dessa questão na CCG, no CEPE, e depois no CO, de modo a que sejam considerados todos os elementos sobre o assunto e a universidade atue com a responsabilidade pública que dela esperam a comunidade unespiana e o povo paulista.

Obviamente, um processo de discussão democrática como esse não pode se dar em quatro dias e em meio às medidas de isolamento social exigidas pela pandemia.

O Sintunesp e a Adunesp reivindicam a abertura de um debate amplo com as comunidades envolvidas, que culminem em sessões abertas dos colegiados locais (conselho diretor e congregação), e que nenhuma decisão seja tomada antes que se encerre a pandemia e possam ser realizadas reuniões presenciais.


Comunidade de Rosana se organiza

Uma petição online, intitulada “A quem interessa a fusão da Unesp de Rosana com a Unesp de Presidente Prudente?”, vem recolhendo assinaturas na plataforma Avaaz.

Diz o texto:

“Em meio à pandemia, fomos surpreendidos com uma proposta de “fusão” entre a Unesp de Rosana e a Unesp de Presidente Prudente, com prazo para aprovação da mesma até 18/06/2020.

O curso tem se mantido há 15 anos em uma cidade que se localiza bem no pontal do estado, estando a 728 km de São Paulo, na divisa com o Mato Grosso do Sul e Paraná.

Na visão dos que vivem a realidade dos cursos, essa questão da fusão é inviável, pois Rosana não fica menos de 200km de qualquer outro campus da UNESP.

Na visão técnica de um turismólogo, o campus de Rosana é uma oportunidade, seja para desenvolvimento de pesquisas quanto desenvolvimento da atividade em um local onde ainda é pouco explorado pelo turismo.

Em relação ao curso de Engenharia de Energia, o fato de ter no município duas Usinas Hidrelétricas e a possibilidade de realizar visitas técnicas é essencial e imprescindível. Além do fato de ser prático, pois não há problemas em relação a logística de deslocamentos.  

Visto que o campus experimental de Rosana é de extrema importância cultural, econômica e social para o município de Rosana, a presença da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” é imensamente importante para as perspectivas de desenvolvimento da nossa comunidade; são inúmeras pessoas consumindo em nosso comércio local, tais como: aluguéis, mercados, farmácias, lojas, restaurantes dentre outros.

Além disso, a UNESP é responsável por diversos projetos de extensão. Como exemplo, o CAUR – Cursinho Alternativo da Unesp Rosana, que é um Cursinho pré-vestibular gratuito e de caráter extensivo (anual). Teve seu início em 2005 e atualmente oferece 200 vagas anuais para alunos e egressos do ensino médio de escolas públicas e particulares do município de Rosana/SP e cidades vizinhas paulistas, paranaenses e sul-mato grossenses. Trata-se de um projeto socialmente relevante, que apresenta como resultados aos seus participantes a melhoria da qualidade de vida, o acesso à informação, a cultura e a educação, o apoio escolar, o acesso ao ensino superior, a possibilidade de isenção da taxa de matrícula no vestibular da Unesp.

Um dado muito importante do CAUR é que muitos de seus alunos acabam ingressando na graduação no próprio Campus de Rosana, auxiliando no aumento de número de ingressantes.

Outro curso de extensão é a UNATI (Universidade Aberta à Terceira Idade), criada em 2007. O curso conta com o apoio e a infraestrutura da unidade universitária, gerando inúmeros benefícios, tanto para o idoso participante quanto para a comunidade acadêmica envolvida. Esse projeto possibilita o aprimoramento profissional e científico dos alunos graduandos e constitui, dentro da universidade, um campo para pesquisa de questões sobre envelhecimento e problemas relacionados à temática.

SENDO ASSIM, A COMUNIDADE ACADÊMICA, FUNCIONÁRIOS E MUNÍCIPES, SÃO CONTRA TAL AÇÃO E NÃO ACEITARÃO MAIS ESSA TENTATIVA DE DESTRUIÇÃO DO ENSINO DA UNIVERSIDADE PÚBLICA E DE QUALIDADE.”