CPI das Universidades: Oitiva de reitor da Unicamp teve dados sobre falta de recursos e ofensas do presidente

CPI das Universidades: Oitiva de reitor da Unicamp teve dados sobre falta de recursos e ofensas do presidente

O reitor da Unicamp foi o terceiro a ser ouvido na CPI das Universidades, na Assembleia Legislativa. A oitiva de Marcelo Knobel aconteceu no dia 26/6. Assim como os colegas da Unesp e da USP - Sandro Valentini, em 19/6, e VahanAgopyan, em 24/6 – ele expôs dados sobre a história da Universidade e suas realizações em ensino, pesquisa e extensão.

De modo mais explícito que os outros, Knobelfalou sobre a crise de financiamento vivida pelas três universidades. Lembrou que a expansão de campi e cursos a partir do início dos anos 2000 não veio acompanhada de recursos perenes, embora houvesse promessas formais do então governador Geraldo Alckmin – de aumento de 0,05% do ICMS Quota-Parte do Estado, no caso da criação do campus de Limeira.

Knobel também enfatizou a asfixia gerada pela insuficiência financeira, que é a diferença entre o que as universidades arrecadam com contribuições previdenciárias e o que efetivamente pagam aos seus aposentados. A insuficiência financeira, que consome mais de 20% do total de ICMS repassado às universidades, deveria ser coberta pelo governo, de acordo com o previsto pela LC 1.010/2007, mas isso não acontece.

O elevado custo do complexo hospitalar da Unicamp (são quatro hospitais) também foi citado pelo reitor. “Atendemos uma região com cerca 6,5 milhões de habitantes, mas não recebemos recursos da Secretaria da Saúde para isso”, apontou. Atualmente, os valores destinados à área da saúde correspondem a cerca de 20% do orçamento total da Universidade. “A Unicamp tem papel fundamental para a saúde na região de Campinas”, frisou. 

Arrogância e desconhecimento

A Valéria Bolsonaro (PSL) repetiu a mesma indagação feita aos demais reitores, se não haveria muitas pesquisas “repetidas” na Unicamp. O exemplo foi o mesmo: “Li uma infinidade de pesquisas sobre legalização do aborto. Será que é preciso dar bolsas pra tantas pesquisas com o mesmo tema?”, indagou. Knobel foi enfático ao dizer que o número de pesquisas neste assunto deve ser comemorado, pois expressa a preocupação da comunidade científica com um dos mais graves problemas de saúde pública do país. Ele lembrou, também, que os grupos de pesquisa têm critérios acadêmicos e científicos na seleção dos temas e da concessão de bolsas.

O presidente da CPI, deputado Wellington Moura (PRB) voltou a dar mostras de arrogância. Após cobrar do reitor da Unicamp o envio de contratos e outros dados dos últimos oito anos e ouvir que a informação havia sido dada eletronicamente, Moura disparou: “Nós queremos tudo em papel. Se não for possível, podemos providenciar um mandado de busca e apreensão.”

A arrogância de Moura foi criticada por alguns colegas, como a deputada Bebel (PT) e os deputados Barros Munhoz e Rafa Zimbaldi (PSB). Este último, que não é membro da CPI, disse estar “envergonhado pelo tratamento que o reitor da Unicamp, uma das melhores universidades do mundo”, recebeu na CPI. “Em vez disso, é preciso unir os deputados e cobrar do governador o aumento dos recursos para as universidades”, conclamou.