Eleições na Adunesp em 12 e 13/8 terão chapa única. Confira os nomes, avaliações e propostas na carta-programa

Eleições na Adunesp em 12 e 13/8 terão chapa única. Confira os nomes, avaliações e propostas na carta-programa

Somente uma chapa concorrerá nas eleições para a Diretoria Central da Adunesp, biênio 2025/2027, agendadas para os dias 12 e 13 de agosto. Trata-se da chapa “Resistência e Luta”, composta pelos/as seguintes candidatos/as:

Presidente: Antônio Luís de Andrade (Presidente Prudente)

Vice-Presidente: Angélica Lovatto (Marília)

Secretário-Geral: João da Costa Chaves Júnior (Assis)

Vice-Secretário: Rafael Henrique Teixeira da Silva (Rosana)

Tesoureiro: Milton Vieira do Prado Junior (Bauru)

Vice-Tesoureiro: Sebastião Neto Ribeiro Guedes (Araraquara)

O prazo para eventuais impugnações encerra-se em 21/7. A votação será realizada nos campi em que há subseções ou representações de base da Adunesp constituídas e na sede central da entidade, em São Paulo. Os locais das urnas e horários de votação serão amplamente divulgados. 

Como a chapa avalia a conjuntura 

A chapa “Resistência e Luta” apresentou sua carta-programa, com a avaliação de conjuntura e propostas de luta para a categoria. 

No cenário político mais amplo, o texto lembra que “o país esteve recentemente submetido a uma gestão (2019-2022) que produziu um conjunto de retrocessos civilizatórios, que se traduziram concretamente no estímulo ao racismo, à misoginia, à xenofobia, à homofobia, ataques às universidades públicas, entre outros”. E isto ocorreu concomitantemente à implementação de “políticas de cunho liberal/fascista extremamente deletérias para a classe trabalhadora, especialmente com a implantação das reformas trabalhistas e previdenciárias, o que produziu um empobrecimento da maioria dos trabalhadores”. Como exemplo, são citadas as reformas que aprofundaram o desmonte da seguridade social do funcionalismo público, iniciado pela aprovação da PEC nº 67/2003, que estabelece que, para os futuros servidores que ingressem após a instituição de regime complementar de Previdência, o limite dos proventos de aposentadoria é o teto do Regime geral de Previdência Social (R$ 8.157,41 desde 1º/1/2025).

A carta resgata os anos da pandemia de Covid-19, agravados pela adoção de políticas negacionistas e de boicote à saúde pública, com um rastro de mais de 700 mil mortes no país, sendo um dos legados desse período a expressiva diminuição nos índices de vacinação da população adulta e infantil, o que trouxe de volta algumas doenças graves.

O documento também cita as “reincidentes tentativas de golpe de estado, amplamente documentadas pela “quantidade acumulada de provas obtidas pela polícia federal, a exorbitação de poderes e a utilização da máquina pública e de instituições públicas para – felizmente sem sucesso – impedir a posse do presidente eleito”.

O governo Lula, eleito por uma coalizão de amplo espectro político, juntamente com um Congresso Nacional dominado por partidos vinculados ao chamado “Centrão” e representações da extrema direita, “encontra enormes dificuldades em suas tentativas de fazer avançar algumas pautas sociais, mesmo que modestas”, assinala a carta programa.

Os embates no âmbito estadual

No estado de São Paulo, o texto enfatiza que o governo Tarcísio de Freitas, “candidato preferido da Faria Lima e possível candidato de Bolsonaro no pleito presidencial de 2026, já disse a que veio”. Para exemplificar, lembra a venda/entrega de espaços de vários institutos de pesquisa do estado para a iniciativa privada, a asfixia financeira dessas instituições; a implantação de escolas cívico-militares; o ataque brutal às condições de trabalho dos docentes do ensino fundamental e médio públicos; a diminuição do percentual vinculado à educação pública paulista de 30% para 25%; entre outras medidas, “isso tudo ambientado num cenário de forte aumento da letalidade, especialmente da polícia militar, e um incremento considerável de denúncias de violação dos direitos humanos da população trabalhadora pobre, negra e periférica”.

Neta conjuntura, conclui o documento, um sistema universitário capaz de produzir conhecimento relevante e pensamento crítico, consciente do papel que desempenha na sociedade, incomoda os arquitetos/construtores/mantenedores desses cenários. No horizonte, surge a preocupação com a adequação do financiamento das universidades estaduais paulistas no âmbito da reforma tributária, que extinguirá o ICMS nos próximos anos. “Temos todos os motivos para nos colocar em alerta máximo”, convoca a carta-programa.

No cenário interno unespiano, a carta assinala que “tivemos alguns avanços importantes na última gestão reitoral, que teve que lidar com uma herança pesada, marcadamente conservadora e truculenta, produzida pela que a antecedeu”. Em relação à nova gestão, empossada no início de 2025, o documento aponta o anúncio de medidas importantes – como a criação  Pró-Reitoria de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade, bem como a campanha ‘Universidade sem assédio’ – mas pondera que , “na busca de se afirmar no processo de gestão, tem tido alguma dificuldade com a condução de alguns colegiados”.

Nesta linha, o texto exemplifica as tarefas a serem enfrentadas nos próximos anos: “o arrocho salarial e a perda do poder de compra dos últimos anos exigem reparação, os quadros de servidores docentes e técnico-administrativos – que reivindicam, com o nosso apoio, equiparação e isonomia com as demais estaduais paulistas – ainda estão longe de suprir as necessidades das unidades. Também exigem atenção redobrada os casos de assédio de todas as ordens que têm chegado à Adunesp; as situações de adoecimento da comunidade unespiana, decorrentes desse fenômeno, mas também da entronização de políticas que tornam a progressão na carreira docente penosa e, muitas vezes, inacessível a muitos/as docentes; as ameaças veladas de fechamento de cursos, como ocorreu recentemente com Engenharia de Pesca, do campus de Registro; o diálogo ainda incipiente – marcado por alguns graves equívocos – da nova gestão com as diversas instâncias de representação da comunidade acadêmica. Acrescente-se a isto o rápido crescimento do contingente de estudantes de camadas social e economicamente vulneráveis nos cursos, fator a comemorar, mas que impõe a intensificação da luta pela ampliação das políticas voltadas à permanência estudantil/gratuidade ativa”.

Propostas e reivindicações

Ao final da carta, são apresentadas as propostas de organização da categoria e bandeiras reivindicatórias:

  1. Prosseguir na luta pelo aprofundamento da democratização das instâncias de participação da comunidade e das estruturas de poder universitárias;
  2. Continuar representando os interesses da categoria junto ao Fórum das Seis, nas negociações salariais com o Cruesp e na luta por mais verbas para o sistema público de ensino superior do Estado;
  3. Seguir lutando pela melhoria das condições de trabalho na Universidade, prioritariamente dos salários, uma vez que se trata de valorizar a categoria como um todo, ativos e inativos, mas também dos benefícios;
  4. Coordenar, no âmbito da Adunesp, e em conjunto com a comunidade docente, a construção de propostas acerca dos aspectos/parâmetros que norteiam a progressão na carreira docente (tanto em sua verticalidade como horizontalidade) estabelecendo condições concretas para nos posicionarmos sobre essa questão em todos os espaços institucionais;
  5. Avançar na luta pela superação do déficit de professores e contra qualquer tipo de contratação que precarize o trabalho docente;
  6. Defender que a Comissão Permanente de Avaliação (CPA) seja uma comissão assessora do CEPE, e não da reitoria;
  7. Defender a manutenção dos cursos de formação inicial exclusivamente presenciais;
  8. Trabalhar por políticas internas e ações externas que visem a criação e o fortalecimento de programas de Pós-Graduação de caráter estratégico e de relevância social;
  9. Lutar pelo fortalecimento e valorização do tripé ensino-pesquisa-extensão;
  10. Lutar pelo fim das terceirizações de serviços, processo decorrente de políticas de viés neoliberal, cujo avanço pode atingir, inclusive, as atividades docentes;
  11. Organizar eventos comemorativos dos 50 anos da Adunesp, a serem completados em 2026.
  12. Realizar campanhas de filiação e trabalhar para fortalecer os laços, dando maior organicidade na relação com as subseções sindicais;
  13. Fundar novas subseções sindicais ou representações de base nas localidades onde elas ainda não estejam estruturadas;
  14. Buscar formas de maior aproximação com docentes mais novos na Universidade, com o intuito de identificar suas necessidades e demandas, bem como inseri-los nos debates e nas lutas encampadas pelo Sindicato;
  15. Aprimorar o fluxo de informações e os veículos de comunicação com a base;
  16. Criar grupos de trabalho para discutir estratégias para detectar situações de assédio de qualquer natureza praticado contra nossas/os docentes e propor políticas institucionais para responsabilizar os perpetradores e acolher adequadamente as vítimas;
  17. Informar a categoria docente sobre as questões que envolvem o financiamento das universidades públicas paulistas, para que estejamos prontos para resistir e avançar coletivamente contra qualquer tentativa de diminuição dos recursos necessários para o funcionamento adequado da Unesp;
  18. Estimular a participação da comunidade docente no seu Sindicato e dar prosseguimento à realização das Plenárias Estaduais;
  19. Atuar coordenadamente nas esferas decisórias institucionais, por meio de representantes eleitos junto aos órgãos colegiados centrais e suas Câmaras Assessoras (Chapão), para fortalecer a política acadêmica democrática.

Todos os materiais relativos às eleições da Adunesp estão disponibilizados no site da entidade (www.adunesp.org.br), no item “Em foco” – “Eleições Adunesp 2025”.