Pauta Específica: Adunesp reúne-se com a reitoria e expõe reivindicações dos docentes da Unesp sobre VR, contratações, direitos dos aposentados e outros

Pauta Específica: Adunesp reúne-se com a reitoria e expõe reivindicações dos docentes da Unesp sobre VR, contratações, direitos dos aposentados e outros

A reitora da Unesp, professora Maysa Furlan, recebeu a Adunesp na tarde de 14/7, para discussão da Pauta Específica de 2025.

Ela estava acompanhada do vice-reitor, César Martins, da chefe de gabinete, Adriana Marcantonio, do pró-reitor da Propeg, Edson Capello, e dos assessores Marcelo dos Santos Pereira e Ricardo Luiz Nunes de Souza. Pelo sindicato, estavam o presidente, Antônio Luís de Andrade, e os diretores João da Costa Chaves Junior e Fábio Kazuo Ocada.

A reitora manifestou sua preocupação com o cenário político e econômico, em especial sobre os efeitos que a sobretaxação imposta pelo presidente Donald Trump às exportações brasileiras aos Estados Unidos pode causar na economia nacional, em especial à arrecadação do ICMS. Ela considera necessário aguardar os desdobramentos e ver o que acontece nos próximos meses, antes de tomar qualquer medida que produza impactos financeiros na Unesp. Em relação à reforma tributária, que trará a extinção do ICMS progressivamente até 2032, a professora Maysa concorda com a necessidade de um maior diálogo entre o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp) e o Fórum das Seis, com vistas a fortalecer as negociações com o governo estadual e a Assembleia Legislativa em torno de novos parâmetros de financiamento.

O presidente da Adunesp expôs os pontos da pauta específica e, também, cobrou retorno a dois requerimentos enviados pela Adunesp (veja detalhes no box, ao final desta matéria). Sobre os pontos da pauta, acompanhe um resumo do que foi discutido: 

  1. Isonomia de benefícios: Implantação do vale-refeição na Unesp, única das três universidades estaduais paulistas sem o benefício (na USP, o VR atual é de R$ 45,00, totalizando em média R$ 980,00 mês).

A professora Maysa disse que a implantação do VR continua em discussão, inclusive na Comissão de Orçamento do CADE, mas, além dos aspectos administrativos e jurídicos, a grande questão é orçamentária/financeira. Ela voltou a enfatizar a necessidade de monitorar a arrecadação do ICMS nos próximos meses antes, da implementação de quaisquer medidas que tragam impactos orçamentários/financeiros. Também comentou o incremento dado ao vale alimentação, que foi de R$ 1.502,00 a R$ 2.000,00.

Os representantes da Adunesp argumentaram que a isonomia com as coirmãs é uma reivindicação importante da comunidade unespiana e precisa ser garantida. Também chamaram a atenção para o caráter injusto da política de valorização dos benefícios, em detrimento dos salários, pois os servidores aposentados – que muito contribuíram para a construção da nossa universidade – não os recebem.

  1. Vale-alimentação

- Garantia de correção anual e de valores isonômicos com as universidades coirmãs;

Esse direito já vem sendo respeitado.

- Pagamento do VA nas situações em que o docente esteja afastado para intercâmbio/formação;

Segundo a professora Maysa, esse assunto está sendo objeto de estudo na AJ da Unesp.

- Extensão do vale-alimentação aos docentes que atuam no Programa Professor Sênior, instituído pela Resolução Unesp 15/2022.

A reitora informou que isso depende de regulamentação da aplicação da Resolução Unesp 15/22 pelas três pró-reitorias (Graduação, Pós-Graduação e Cultura e Extensão), o que foi feito, até este momento, somente pela Pós-Graduação.

  1. Extensão de benefícios aos aposentados.

A reitora disse que, embora haja total sensibilidade da gestão sobre o assunto, há que se considerar que existem limitações legais e orçamentárias. Os representantes da Adunesp voltaram a enfatizar a necessidade de valorizar os servidores aposentados, que muito ajudaram a construir a Universidades nestes 50 anos. Ainda que haja impedimentos legais e dificuldades orçamentárias, é preciso que a gestão reitoral busque caminhos para amenizar esses prejuízos.

  1. Agilizar o pagamento aos beneficiários da ação da Adunesp que garante a correção pelo atraso do 13º salário de 2018. 

Essa demanda já está solucionada. Acordo estabelecido entre a reitoria e os dois sindicatos (Adunesp e Sintunesp) permitiu o recebimento dos valores no início de julho.

  1. Restabelecimento do tempo de trabalho confiscado pela LC 173/2020, de maio/2020 a dezembro/2021, para efeito de quinquênios e sexta-parte.

Embora considere a demanda justa, a reitora ressaltou a impossibilidade de atendê-la sem que haja uma mudança na legislação. Obs.: Há projetos tramitando no Congresso Nacional, propondo a devolução dos tempos congelados.

  1. Ampliação das contratações e discussão dos critérios de alocação de vagas com a comunidade.

O vice-reitor e presidente do CEPE, professor César Martins, disse que o assunto foi discutido amplamente no colegiado e que foram aprovadas sugestões feitas pelos membros. No entanto, os representantes da Adunesp salientaram que ainda há espaço para que esse processo seja aprimorado.

  1. Garantia de contratação de professores substitutos enquanto todas as carências de vagas docentes não sejam supridas por contratações efetivas e por concurso público.

A reitora frisou que não há nenhuma intenção de suspender essas contratações enquanto forem necessárias. O que há, segundo ela, é uma revisão do número de substitutos demandados, uma vez que houve contratações de efetivos (cerca de 600). A Comissão de Contratação Docente (CCD) está fazendo um levantamento para que seja avaliada a real necessidade de contratação de substitutos.

  1. Que a Comissão Permanente de Avaliação (CPA) seja uma Comissão assessora do CEPE, e não da Reitoria. Que deliberações com base nas eventuais avaliações realizadas pela CPA sejam feitas pelo CEPE, ouvido o Departamento, respeitando o Estatuto da Universidade.

A professora Maysa disse haver concordância com a demanda e que, neste momento, isso está sendo estudado no âmbito da CPA.

  1. Que nenhuma das comissões assessoras tenha assento com direito a voto em qualquer colegiado.

Também há concordância e a questão está sendo estudada.

  1. Avaliação docente articulada com a avaliação departamental

-  que a avaliação institucional seja centrada no Departamento, com foco nas condições de trabalho dos seus docentes;

Tanto a reitora quanto o vice-reitor responderam que entendem que isto já está sendo feito desta forma.

- que a avaliação departamental esteja em sintonia com os critérios de distribuição de vagas para contratação, para evitar que os departamentos eventualmente debilitados pela falta de docentes e/ou por condições precarizadas de trabalho, sejam ainda mais penalizados.

Novamente ambos, reitora e vice-reitor, reafirmaram que este foi um dos itens com peso nos critérios utilizados na distribuição das vagas para contratação docente. A Adunesp reiterou a sua posição de que é preciso ampliar esse diálogo com a comunidade e que são possíveis avanços, no sentido de assegurar sustentabilidade administrativa e acadêmica para todos os departamentos da nossa Universidade. Em que pese o fato de que a distribuição e a contratação de docentes tenham mitigado algumas situações de grande dificuldade, ainda há departamentos e cursos que precisam ser tratados caso a caso, em função de distorções decorrentes de eventuais mudanças nas grades curriculares, principalmente nas licenciaturas.

  1. Discussão e elaboração de políticas internas e ações externas, visando o fortalecimento das licenciaturas e dos cursos e programas de Pós-Graduação de caráter estratégico e de relevância social.

A reitora disse que sua gestão caminha nesse sentido, priorizando as contratações docentes nas licenciaturas e cursos noturnos, e trabalhando na elaboração e no lançamento de um programa de investimentos na estruturação destes cursos. Embora saiba que há problemas de empregabilidade (salários baixos e más condições de trabalho), ela considera que a Unesp é a universidade pública que mais está envolvida com as licenciaturas no estado de São Paulo.

  1. Manutenção dos cursos de formação inicial (graduação) exclusivamente presenciais.

Segundo a reitora, não há nenhuma intenção de criar cursos de graduação virtuais.

  1. Garantia aos professores substitutos de limite de 8h em sala de aula, assim como previsto para os docentes contratados em RTC: Exigência de estrito cumprimento da Portaria Unesp 79, de 2023, que regulamenta a contratação de professor substituto e, no parágrafo único do artigo 2º, diz que “O professor substituto dedicará, necessariamente, 1/3 da sua jornada de trabalho ao planejamento das aulas (elaboração de plano de aula, organização de recursos didáticos, elaboração e correção de avaliação)”

A reitora reconhece que têm ocorrido descumprimentos dessa portaria em alguns departamentos e disse que a reitoria está trabalhando para que isso deixe de acontecer.

  1. Viabilizar uma maior participação dos docentes que atuam no Programa Professor Sênior nos cursos de graduação, com carga horária mínima, como forma de contribuir com a ‘memória didático-pedagógica’ do departamento, tendo em vista os professores novos.

Idem à resposta dada no item 2. A reitoria aguarda que haja a regulamentação no âmbito das pró-reitorias de Graduação (Propeg) e de Extensão Universitária e Cultura (PROEC).

  1. Diante das dificuldades da retirada do termo “Júlio de Mesquita Filho” do nome da Unesp, por conta da atual constituição política do governo estadual e da Assembleia Legislativa (Alesp), adotar a estratégia de usar somente o nome Universidade Estadual Paulista – Unesp, fazendo o “complemento” cair em desuso.

A reitora não se furta a discutir a proposta sem, no entanto, apostar em nenhuma mudança oficial neste momento.

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Sobre os requerimentos da Adunesp: Abono de permanência e VA para docentes afastados por intercâmbio 

O presidente da Adunesp, Atônio Luís de Andrade, cobrou retorno aos dois requerimentos enviados à reitoria. Um deles, que pede a extensão do vale alimentação aos docentes afastados para intercâmbio/formação, conforme consta no item 2 da Pauta Específica, está em estudo pela AJ.

O outro requerimento trata da incidência do abono de permanência sobre a remuneração do servidor público. O texto cita que o Superior Tribunal de Justiça (STJ), em decisão publicada em 17 de junho de 2025, ao julgar os Recursos Especiais nº 1.993.530/RS e 2.055.836/PR, fixou sob o rito dos recursos repetitivos, a tese do Tema 1233, com a seguinte redação: “O abono de permanência, dada sua natureza remuneratória e permanente, integra a base de incidência das verbas calculadas sobre a remuneração do servidor público, tais como o adicional de férias e a gratificação natalina (13º salário).”

Diante desse fato, a Adunesp requer que a Universidade observe a decisão e inclua o abono de permanência na base de cálculo do terço de férias e da gratificação natalina. Requer também que seja aplicada a revisão dos valores remuneratórios do terço de férias e décimo terceiro, incluindo-se em sua base o valor do abono de permanência, a toda a categoria docente, assim como o pagamento das diferenças remuneratórias a esse mesmo título dos últimos cinco anos.

A reitora informou que a AJ está estudando o assunto e que responderá à Adunesp.